segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

"SURTO REFLEXIVO".



 Roberto Mota, Pastor; "O que foi, isto é, o que a de ser. E o que se  fez, isto se tornará a fazer. De modo que, nada  há novo debaixo do Sol".(EC-1:9).


Resumo: Uma característica, muito forte do Século XXI, é a revolução "CULTURAL". A Ideia, é, de que, quem tem o "CONHECIMENTO", tem o poder. O contexto, encontra expressão literal, nas palavras de Leonardo Boff: "Todo menino quer ser homem; Todo homem quer ser Rei; Todo Rei quer ser Deus; E só Deus, quer ser menino". Neste contexto, a "TEOLOGIA", não a dogmática, más a feita historicamente, a partir do seu contexto, tem sido feita, a partir do próprio pluralismo existente. E tudo isto, tem deixado muita gente de cabelo em pé. Tem teologia para todo gosto. Teologia da prosperidade, teologia da Esperança, teologia da Libertação...E por ai, vai. São muitas. E ainda neste contexto, nos encontramos aqueles, que atraem, um séquito de pessoas, que acreditam cegamente, naquilo que eles dizem e pregam. E do outro lado, aqueles que estudam. Se tornam mestres, Doutores, e se tornam analistas e especuladores, do movimento, e do crescimento do fenômeno, característico, de nossa época. Em todo contexto, está presente o espírito do egoísmo. Talvez, esteja evoluindo, em nosso tempo, o existencialismo de Sartre. Aquele, chamado de humanismo; onde o outro, em uma relação com o "EU", é construído como objeto, como coisa. Narcisismo, puro.(Sartre, em a obra, o ser e o nada).
Más, eu diria, que a Teologia, já enfrentou, um movimento parecido com este, que foi o século XIX. Um contexto, onde existia muita fé, e muitos fiéis, do lado de dentro; Más do lado de fora, existia muita desconfiança, das verdadeiras intenções daqueles, que detinham o comando destes fiéis. Ou seja, parece que foi um período, onde a Igreja, naquilo que a história, nos passa; está passando, por uma reavaliação. As Instituições Eclesiásticas, dão o seu parecer, com relação o momento. Intelectuais com uma teologia contextualizada, em Kant, em Hegel, dão o seu parecer. Mais uma forte característica, deste século, era a novidade. Dai, muitos intelectuais, desta época, querem reinterpretar o Cristianismo, a partir de suas filosofias, ou "IDEOLOGIAS", defendidas. Más, este desejo de novidade, associado ao desejo de conquistar seguidores, levou os Teólogos, deste período, construir uma "TEOLOGIA", desconectada da essência; que foi a chamada Teologia Liberal. Chamamos aqui, esta teologia desconectada da essência, de "SURTO REFLEXIVO". O presente artigo, tem o objetivo, de alertar a Igreja, de nosso tempo, acerca da possibilidade, de um segundo surto reflexivo.

PALAVRAS-CHAVE: Essência, Ideologia, Teologia Liberal, Surto Reflexivo.

INTRODUÇÃO: A Igreja primitiva, do primeiro século, era aberta para o "SOBRENATURAL", para ás manifestações do poder de Deus. Ela experimentou o maior dos avivamentos, que se deu, segundo Lucas, o autor do Livro de Atos, no dia da Festa do pentecoste. Este povo, acabara de receber a promessa do  derramamento do espírito santo. Eles estavam buscando, e receberam, e estavam impactados. Como fruto, deste avivamento, a Igreja, evangelizava, crescia e se expandia para todos os lugares. Más, havia uma preocupação com o ensino. Com a essência, daquilo, que os Apóstolos, tinham apreendido, com Jesus. Ou seja, de alguma maneira, mesmo ainda, não havendo uma definição, uma base do ensino, eles sabiam que este ensino, não poderia ser comprometido. Havia uma preocupação com a Teologia. No capítulo 15, do livro de Atos dos Apóstolos, Lucas descreve o primeiro Concílio da Igreja. Esta reunião, tinha o objetivo, de tratar a questão, entre Judeus e Gentios, que era um "PROBLEMA", de visão, na Teologia. Os Judeus, estavam ensinando, que se os Gentios, não circuncidasse, eles "NÃO PODIAM", ser salvos. A circuncisão, fazia parte da Lei. A questão, aqui, não é a circuncisão, em si. Ser circuncidado, não é a heresia. O erro doutrinário, ou a heresia, é colocar a circuncisão, como uma condição, para a "SALVAÇÃO". Alguns costumes, podem até, ser assumidos por conveniência, inclusive a circuncisão.(Atos-16:3). Neste caso, aqui, Timóteo, foi circuncidado. Por que?. Para que ele fosse aceito, sem problema, entre as Igrejas, que estavam sendo edificadas, no início da segunda, viagem missionária, de Paulo. É estratégico, evitar escandalizar, os mais fracos, ou aqueles, que tem a mente fechada. Aqui, a Igreja, crescia, e se fortalecia na fé.(Atos-16:5). Lá, em,(Rm-15:1,2), Paulo, teoriza, esta prática, exercida por ele aqui, na implantação das Igrejas. Dizia ele: "Nós que somos fortes, devemos suportar, a fraqueza dos fracos, e não agradar, a nós mesmos". Bom, é agradar, o próximo, naquilo que seja, para edificação. Eu mesmo, cometi alguns erros, quando plantava Igrejas, em comunidades, de Sociedade Básica. Ou seja, lugares, onde os costumes, são levados, muito a sério. Estão acima, de uma ética Social, existente. Errei, quando toquei, na questão do vinho, na bíblia, e principalmente, no ministério de Jesus. Errei, quando, eu quis, impor, o sistema Eclesiástico, sem levar em conta, o relacionamento fechado, que encontramos, em algumas, comunidades. Um missionário, que quer abrir Igrejas, ou congregações, que querem se expandir, precisam levar isto a sério. Paulo, também, reforçou mais, esta questão, da conveniência, dos costumes, quando afirmou: "Eu fiz de tudo, para com todos, para que assim  pudessem,  salvar-se".(1Co-9:22). Aqui percebemos, claramente, que o ensino essencial, pode se adaptar, tanto a Judeus, como os Gentios. Agora, colocar qualquer coisa, além, daquilo, que já foi colocado para a salvação. Ou seja, a fé, em Cristo, como diz as escrituras.(JO-7:38). Outra coisa, além disto, como condição, para a salvação, é uma "HERESIA". Circuncidar, para adaptar o ensino, com o objetivo, de facilitar, a aceitação da palavra, da mensagem, é "ESTRATÉGICO". Agora, quando um grupo, quer igualar, o valor espiritual do costume, ao valor do ensino essencial, ai, isto, mais tarde iria se transformar, em mais, uma Religião, com dono. Ou seja, aqui, se dar, um modelo, de fabricação, de uma teologia, que quer dominar, os fiéis. É importante salientar ainda, que o costume, aqui colocado, não pode ser comparado, a uma "ÉTICA", para o bom convívio, do grupo. Por que?. Porque existe, uma diferença, entre moral e ética, mesmo significando, os dois termos, a mesma coisa. Ou seja, "COSTUME". Moral, sempre deve ser aplicado, ao indivíduo. É o costume individual, de cada pessoa, de cada família, e até de um grupo. Como, no caso, era a circuncisão, na Lei, um costume específico dos Judeus. Muito embora, eles não vivessem de fato sob a Lei, más ideologicamente viviam, más era algo específico, deles. A Igreja, de Jesus, estava aberta, a inclusão, de escravos, de pobres, de mulheres, de todos. Dai, este costume, não poder, ser advogado, como uma ética, para uma possível organização, da Igreja. Por que?. Porque a Ética, é criada para beneficiar o coletivo. Aquilo, que é individual, ou específico de família, ou grupo, só pode se tornar ético, se for bom, para os demais. Este costume, aqui, em questão, não é bom para os Gentios. Logo, não poder ser normatizado, como ético. Este costume, como muitos outros, do tempo moderno, são ideias, de dominação Social. Coletiva. Então, fica entendido, no "CONCÍLIO", que a mensagem Cristã, é adaptável, a costumes específicos; desde que, não fira a essência. Acredito, que aqui, é o "MODELO", de lidar com a teologia, dentro de um contexto, que exige, a inclusão da diferença.
           A partir deste modelo, do livro de atos, com este texto, pretendo estabelecer um paralelo, entre a teologia, do nosso século, e a teologia, do século XIX. Com isto, eu quero, primeiramente, mostrar, que a teologia, é dogmática, em sua essência; más, como teologia libertadora, que deve ser, ela é "HISTÓRICA". Ela é feita, a partir do contexto. Em segundo lugar, que a teologia, historicamente, se expressa, caminha, a  partir de ideologias; especialmente pela  ideologia dominante. Terceiro, que não querendo entrar, no conceito, do que seja contextualização; o "SURTO REFLEXIVO", não estar na produção, das várias teologias, consequentes, de uma Cidade, que cresceu, que se transformou numa megalópole, e que agora, são muitas ideias, inúmeros sistemas; más, estar, na produção de uma teologia, desconectada da essência. E concluindo, através, deste texto, objetivamos, sabendo, que o problema, não é um surto ali, outro aculá. O problema, é o "SURTO REFLEXIVO", como movimento; Pois, numa megacidade, há muita propaganda, de novas ideias e sistemas. Fincar bases, de reflexão, sobre este defeito, na construção da teologia; e assim, ela possa continuar, sendo um "SABER", de transformação da realidade, sem desconectar da essência. Sem surtar reflexivamente. Pois, podemos ser liberais, sem ser hereges.

Fonte: A introdução de meu artigo:"Surto Reflexivo".