terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

"OBSTÁCULOS A MISSÃO".

             A Missão, tem origem em Deus. Ele a planejou. A Missão, não é uma escolha pessoal de alguém. Ela se fundamenta em uma ordem divina. E a ordem engloba o mundo todo. Entretanto, para que a Missão, seja cumprida, é preciso transcender os "OBSTÁCULOS.

1-OBSTÁCULOS CULTURAIS.
 
   A ruptura que ocorreu no século XIX, gerou uma crise paradigmática, e ao mesmo tempo, criou, o paradigma, que legitima a possibilidade, de uma infinidades de visões, de mundo, encaradas como verdadeiras. Ou seja, do século XIX, até hoje, todos os mundos e todas ás visões, são aceitas, e qualquer verdade, que seja absoluta, é vista com desconfiança. Há uma desconstrução dos fundamentos, na forma de pensar da Modernidade.

1-1-Aceitação da verdade, como construção Socio-cultural relativa. Na Pós-Modernidade, a verdade, é relativa. No pensamento contemporâneo, a lógica de Nietzsche, é a ferramenta que desconstroi os valores, e abre o caminho, para novas maneiras de "PENSAR", e de enchergar a realidade. Na visão de Nietzsche, o homem através da linguagem, idealiza e forma um lugar alto, para apoiado nele, se tornar Senhor. E mesmo que este lugar, seja apenas ideológico, ele se tornará mais um mundo, com uma respectiva visão, da realidade. Dai, com a falta de fundamentos, ou de um modelo absoluto, inúmeras visões culturais, se inserem no contexto Social. A falta de compreensão, de que a realidade é plural, e que somente através de uma contextualização, a Missão englobará o mundo todo, se constitui um obstáculo.

2-A COMPLÉXA FALTA DE UNIDADE EVANGÉLICA.

   A falta de unidade, na chamada Igreja Evangélica, tem gerado uma grande falta de credibilidade da Igreja, para com os que estão do lado de fora. Colocar a Igreja Evangélica, como a Igreja, que prega a verdade, é de fato compléxo.

2-1-A falta de unidade Teológica. Numa visão plura, é ofertado um grande número de teologias. A contextualização e muitas vezes a acomodação teológica, tem inserido muitas teologias no contexto, da Igreja. Teologia da prosperidade, teologia do milagre, teologia da esperança e muitas outras mais...Não entrando no mérito, do que é verdade; O fato é, que tantas teologias, gera falta de credibilidade na "PALAVRA".

2-2-A falta de unidade, denominacional. A Reforma Protestante, advogava a livre interpretação da bíblia, e como consequência do Renascimento, o homem, como sujeito de sua própria história. O homem pode. O homem é senhor de sua própria história. Logo, a visão filosófica, impulsionava a emancipação humana, e Institucional, o que levou de início, com a Reforma, o nascimento de mais de uma Instituição: Os Luteranos, e os Calvinistas. E dai por diante, não parou de nascer novas instituições Evangélicas. Foi ás históricas, depois as pentecostais, e agora ás neopentecostais. E o que vem pela frente, ninguém sabe. Entretanto, não entrando no mérito, de quem está certo ou errado, o fato é que, a falta  de uma unidade denominacional, tem tirado o direito da Igreja Evangélica, de ter uma imagem de credibilidade, perante a Sociedade. Ás disputas institucionais, e de pastores, por mais estrutura, mais evidência e mais poder, tem trazido muitos escândalos, e consequentemente obstáculo a Missão.

3-O VOCACIONADO NÃO QUER IR.(Jonas-1:1-3).

    A desobediência para com a Missão, em nossa época, é de fato um obstáculo. O modelo desta desobediência, está na pessoa do vocacionado profeta Jonas. Por que o vocacionado, de nosso tempo, não quer ir?.

3-1-Primeiro.Preconceito étnico. Jonas, julgou, que o povo de Nínive, na visão dele, não merecia o perdão de Deus. Ninive, era a Capital, do império Assírio. O povo Ninivita, era um povo beligerante, guerreiro, cruel. Era pela sua crueldade, que os Ninivitas, eram conhecidos e temidos. Na visão de Jonas, esse povo, em consequência de sua maldade, deveria ser destruido.(Jonas-4:1,2). O preconceito aqui, não é o racial, más, o étnico, no sentido de hábitos e costumes. Na visão de Jonas, a moral do povo Ninivita, era baixa, e dai, não merecia a misericordia de Deus. Jonas, tinha uma visão, exclusivista da Missão. Na visão dele, a misericordia de Deus, deveria ser para os povos, que tivessem uma moral elevada. Para ele, a Missão, era uma "RELIGIÃO". Um tipo de Ética, e não um resgate, de um povo, que está apodrecendo moralmente. Para que isto, fique mais claro, eu lhe digo, que Ética é diferente de moral. Etimologicamente, o termo Ética, vem do grego, "ethos", que significa conduta, caráter, modo de ser, mais relativo a um costume específico. E o termo moral, vem do latim, que também significa costumes. Os Romanos traduziram o "ethos", grego para o latim, "mos", ou plural, "mores", que quer dizer costumes. A diferença, está em que, a moral, pode ter uma aplicação individual. Indivíduos podem ter costumes diferente, em uma mesma coletividade. O indivíduo que não quer evoluir, ele valorizará aquilo que é bom, para ele individualmente. Já a Ética, no pensamento tradicional, significa o que é bom para o indivíduo, e também para a coletividade. Logo, determinado costume individual, pode evoluir para um costume Ético, ou uma norma coletiva, desde que este se torne bom para todos. Um conjunto de costumes formais, formarão a Ética, de uma Sociedade. Ou mesmo a moral da mesma.
      O preconceito étnico, também travou a Igreja Primitiva, de sair logo pregando aos Gentios. Neste caso, o problema, era a questão da Raça.(Atos-10:9-15). Pedro, era um dos Apostolos, de Jesus Cristo, que tinha uma grande consciência da Missão recebida, más também era muito consciente de sua etnia Religiosa Judáica, e esta consciência lhe trazia convicção de que era de uma raça superior. Pura. Separada, e que não podia se misturar com gente não-judeu, ou seja, com os gentios. Como Judeu, Pedro se sentia parte, de um povo escolhido, e por isto superior. Pedro não saiu pregando aos gentios, por puro preconceito racial. Não só ele, más boa parte da Igreja Primitiva. Entretanto, o Senhor que chamou Pedro, para a Missão, se manifestou sobrenaturalmente através de uma visão, e lhe disse:"Ao que Deus, purificou, não consideres imundo".
      O preconceito étnico racial, e étnico, no tocante a hábitos e costumes, é algo que motiva o vocacionado, a não obedecer a Missão. Deus, manda ir, ao interior, e o vocacionado, quer ir para a Capital. Deus, manda para a favela, e o vocacionado quer ir para o bairro nobre. Deus, manda ir ao terceiro mundo, e o vocacionado quer ir, ao primeiro mundo. Por que?. Por causa, da visão preconceituosa. A exemplo de Jonas, e de Pedro. Estes vocacionados precisam ter a visão preconceituosa trabalhada sobrenaturalmente. No mundo Pós-Moderno, não existe a raça superior, a cultura seleta; existe a diversidade, de gentes, onde a diferença precisa ser respeitada, conquistada e resgatada para o Senhor.

3-2-Segundo. A distancia geográfica.(Atos-1:8). Este versículo, no livro de Atos, é revelador. Ele deixa claro o propósito, do poder derramado sobre o embrião, daquilo que se tornara a maior organização do mundo. A Igreja do Senhor Jesus Cristo. O poder do espírito santo, é para revestir a Igreja, preparando-a para um crescimento local, más também expancionário: Jerusalém, Judéia, Samaria e os confins da terra.
      Em(Atos-8:1), com o seu contexto, implícito e explícito, deixa claro, que a Igreja, não estava obediente ao foco da Missão, que era os confins da terra. O que nos faz entender, que a distância geográfica, pode motivar o homem vocacionado, não querer ir. No contexto, em questão, para colocar, a Igreja, no foco, Deus, permitiu vir uma grande perseguição. O objetivo final da Missão, é os confins da terra. Quando este evangelho, for pregado a todos os povos, e em todos os lugares, ai sim, virá o fim.

3-3-Terceiro. A visão deturpada da Missão.(Atos-8:13,18-21). No capítulo 8, do livro de atos, a Missão, está explodindo no crescimento, e neste mover sobrenatural, do espírito santo, um homem com talento, para artes mágicas, que pela comunidade, é classificado como grande, é atraido, e no versículo 13, deste capítulo, diz que ele se converte, e é batizado. Más nos versículos 18 e 19, deixa claro, que ele tinha uma visão deturpada, da fé Cristã. Ele tinha poder, más algo novo, que surgira em seu contexto comunitário, tinha mais poder, o que o atraiu, a procura de ter, mais poder. Assim como a conversão, pode ser uma busca de Status, e mais poder, assim também, vocacionados podem ser atraidos para a Missão, pelo o desejo, de posição Social, dinheiro, ou algum tipo de benefício, que ele não conquistou no Secular, e ver na Missão, a oportunidade para isto. Cabe aqui, um esclarecimento sobre o vocacionado. O vocacionado, não é um profissional, e sim alguém chamado para uma Missão. O profissional, é alguém que se especializa, em alguma coisa, motivado na maioria das vezes, pelo o valor do salário. Etimologicamente, a palavra vocacionando significa chamado. No ministério de Jesus, duas classes muito conhecida, em sua época, receberam um chamamento, os pescadores e os coletores de impostos. Jesus, pediu que eles deixassem suas profissões.(Mat-4:18,19). O profeta Amós, dialogando com Amazias, sacerdote de Betel, disse:"Eu não sou profeta, nem filho de profeta, más boiadeiro, e cultivador de sicômoros; más o Senhor, me tirou deste ofício, e disse que eu fosse profetizar para o povo de Israel".(Am-7:14-15). Um vocacionado, é aquele, que é chamado por Deus. Simão, sendo alguém talentoso, no trato com as pessoas; a tal ponto de ser respeitado por toda comunidade, viu no ministério uma oportunidade profissional, e resolveu investir dinheiro, pedindo para ter o mesmo poder, dos Apostolos. Más, nos versículos 20 e 21, Pedro, rejeita o seu investimento, e diz que ele não tem parte naquele ministério. No caso de Simão, ele não tinha sido chamado, más viu no ministério, oportunidade para ganho. Entretanto, existe vocacionados, que assumem a Missão, com uma visão, deturpada. Acham que foram chamados para o sucesso, enriquecimento, e quando vão percebendo, que a Missão, não é bem isto, eles desistem, de ir onde Deus, manda, caem em tentação, e suas vidas, vira um inferno. Eu tinha um amigo, que estudávamos juntos, em um Seminário, e lembro-me, como ele era empolgado, e sonhava com a ordenação. Ele saiu de seu ministério, a Assembléia de Deus, e foi para a Presbiteriana. Lá deixou a profissão, de policial, para ser ordenado pastor. Mais, anos depois, o encontrei dando aulas, em uma faculdade. Ali fui informado, que ele se dizia, não mais evangélico, más apenas Cristão. E que para ele, ás Igrejas Instituições, eram uma máfia. Era algo estruturado para dominar, as vidas das pessoas. Ou seja, ele achava que no pastorado, ele ia ter um reconhecimento, de uma Igreja grande e rica; más isto não aconteceu. Sabemos que em Sociedade, existe os dominantes e os dominados. Oligarquias existem mesmo, más isto não pode ser o motivo, para um vocacionado desistir, porque o Deus, que chama, é o Deus, que honra, em qualquer lugar. Em qualquer ambiente, seja ele justo, ou injusto. A bíblia está cheia destes exemplos, de um Deus, que se responsabiliza, por aqueles que chama. Más, tudo tem tempo e hora. No ministério, nem todos se tornam grandes líderes. Pessoas de grande reconhecimento comunitário. Más, se torna conhecido de Deus, e de principados e de potestades. E é assim, que muitos vocacionados desistem de ir, para as favelas, para os interiores, para os presídios e outros lugares de grande necessidade evangelística.

3-4-Quarto.A falta de investimento, nos projetos, de fato, Missionários. Conheci o Marinaldo, quando tinha 19 anos, nos congressos de mocidade, da CIBINE.(Convenção das Igrejas Batistas independentes do Nordeste). Nesta época, ele ja era reconhecido como um jovem, que tinha uma chamada, para Europa. Hoje, eu tenho 43, anos. E olhando eu o site, da CIBI, de Portugal, tinha uma frese lá, que dizia, que ele finalmente, tinha chegado na Espanha. Depois de 24 anos. Ele com mais de 45 anos, finalmente chega no lugar, para onde foi chamado, para exercer sua Missão. Qual a razão, para tanto espera?. A falta de recursos financeiros. Falta dinheiro, para investir nos projetos, de fato Missionários. Jesus disse, que a Igreja, deveria ir até os confins da terra. Para que o evangelho chegue, em muitos lugares, que ainda é pouco evangelizado, precisa do Missionário, más também precisa de dinheiro, para manter o projeto Missionário. precisa-se de dinheiro para se ir, a Paises distantes. precisa-se dinheiro, para projetos com prostitutas, com toxicomanos, com alcolátras, com presídios. O Marinaldo, verdadeiramente, é um exemplo de persistência, em esperar os recursos, ou em pessoas mantenedoras, que acreditassem no seu chamado. Más, é fato, que existem muitos, que têem uma chamada, e decide não ir, por medo, por desconfiança, que estes recursos não cheguem. O resultado, são muitos vocacionados frustrados, ressentidos, e cheios de dúvidas ministeriais.
        Verdade, é que a situação financeira, não deve ser levada em conta, pelo o vocacionado. Quando se tem um chamado, seremos sustentado, por aquele, que nos chamou. Quando Deus, chamou Abraão, ele mandou, que ele deixasse, a estabilidade de sua casa, e de sua parentela, e fosse para um outro lugar. Uma outra terra.(Gn-12:1). E estando estabilizado naquele lugar, não levou isto em conta, e partiu para o lugar, que o Senhor mostrou. O Apostolo Paulo, mesmo defendendo a dignidade do obreiro, quanto a ter o salário da Igreja, ele mesmo, não era sustentado por ela. Ele tinha um ofício, fazer tendas. E cumpriu sua vocação. Entretanto, muitos tendo família, ou pretendendo ter, decidem não ir, e passam a viver grandes crises existenciais.

Fonte: Parte de um texto maior(Roberto Mota).
-Um artigo informal.